Sexta-feira, 17.07.09
"DEMOCRATAS DE MEIA TIJELA doc.nº 174-2009
www.fortalweb.com.br/grupoguararapes
O professor Denis bem demonstra a FARSA EXISTENTE NESTAS "democracia de
papel" da américa latina. Os Executivos podem fazer o que querem. Juram a
Constituição e não a defendem. Mandam no legislativo comprando os membros
ou mesmo mandam prender e ninguém diz nada. Sentam ao lado de ditadores de
todos os tipos e quando um falso presidente quer continuar no Poder conta a
Constituição a esquerda começa a gritar, não para defender a DEMOCRACIA,
mas para proteger a própria pele. Aqui no Brasil se rouba, se chama o Presidente do Congresso e dar ordem e
comete todos os crimes e ainda falam que são democratas.
LEIA A FARSA DO PROFESSOR E COMEÇE A PENSAR NA FARSA QUE VIVEMOS.
GRUPO GUARARAPES
Farsa
Denis Lerrer Rosenfield
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Não deixam de causar estupefação as supostas declarações "democráticas" de
nossa diplomacia, de nosso presidente e de um número significativo de
dignatários, por assim dizer, latino-americanos (Chávez, Morales, Correa,
etc.), condenando o golpe militar em Honduras. O golpe é certamente
condenável, pois teria sido uma solução propriamente democrática seguir uma
via institucional de resolução de conflitos, sem o recurso ao uso da força.
O problema, no entanto, não é apenas esse, pois boa parte dos que
condenaram o golpe militar não possui nenhuma credencial democrática. Ao
contrário, eles tudo fazem para desfigurá-la. Usam-na conforme as suas
conveniências.
Há, contudo, uma questão preliminar, relativa à natureza desse golpe
militar. Ele foi feito sob injunção do Supremo Tribunal daquele país e com
pleno apoio do Poder Legislativo, pelo fato de o presidente não mais
respeitar as decisões do Judiciário nem as do Congresso. Ele se colocou,
progressivamente, fora da lei, abrindo um vácuo jurídico que foi
aproveitado por seus adversários. Tentou convocar por decreto, por um ato
administrativo, um referendo, que poderia desembocar numa reeleição sua, o
que a Constituição daquele país proíbe.
Não obedeceu ao Supremo, que proibia essa consulta, e agiu à revelia de um
Congresso já atento a essa tentativa de circuitá-lo. Tentou usar os
militares nesse seu processo de referendo, tarefa que foi recusada por
eles. O problema reside, portanto, na natureza dessa iniciativa
governamental, que considerou não mais ser necessário seguir a lei. É como
se, para a democracia, bastasse um referendo popular, com completo
menosprezo pelo Estado de Direito. Pode-se, nesse sentido, dizer que ele
estava criando as condições de um golpe civil, na esteira do protoditador
Hugo Chávez.
O que é um golpe civil? É a subversão da democracia por meios democráticos,
ou seja, o solapamento das instituições republicanas por meio de eleições.
Tal prática corresponde à iniciativa dita bolivariana de instaurar na
América Latina o "socialismo do século 21". Trocando em miúdos, trata-se de
criar em nosso continente as condições de repetição das experiências
cubana, soviética, cambojana, albanesa e outras, que povoaram com o horror
o imaginário do século 20. Quando o continente europeu diz adeus a essas
bandeiras, pelos malefícios e desastres causados, a América Latina começa a
adotar um modelo cuja falência humana, econômica, social e política foi sem
proporções. Apenas algumas palavras mudaram, como se essa máscara
expressasse uma realidade de novo tipo. É o velho com aparências do novo.
Engana-se quem quer se deixar enganar.
O que faz Chávez na Venezuela, sendo imitado por seus esbirros Evo Morales
e Rafael Correa? Ele utiliza processos eleitorais, com uso intensivo de
referendos, para estabelecer para si um poder autocrático, que não precisa
ser contrabalançado pelo Judiciário e pelo Legislativo. As leis são o que
ele próprio determina que sejam, como se ele fosse a fonte mesma do
Direito. O Supremo está aos seus pés e o Legislativo é por ele totalmente
controlado. Os meios de comunicação são progressivamente silenciados, seja
por fechamento de emissoras, seja por asfixia econômica, seja por ameaças
puras e simples. O direito de propriedade é violado sistematicamente, com o
Estado tomando conta dos meios de produção. Segue ele simplesmente a
cartilha esquerdista, empregando os meios democráticos para destruir a
própria democracia.
Ora, são esses autocratas que condenam veementemente o golpe militar em
Honduras em nome da democracia. Os liberticidas, os democraticidas posam de
libertários e democratas. A Assembleia-Geral da ONU condena o golpe
militar, quando é ela presidida por um adepto da Teologia da Libertação,
ala esquerdizante da Igreja Católica cujos membros, em sua ampla maioria,
são ditadores e déspotas que, em seus países, menosprezam sistematicamente
os direitos humanos. São, aliás, os "companheiros" de nossa diplomacia, os
parceiros da cooperação Sul-Sul. Talvez se trate de uma cooperação pela
democracia e pelos direitos humanos!
Como não poderia deixar de ser, os mais fervorosos adeptos brasileiros do
chavismo e do castrismo são os mais ardorosos críticos do golpe militar em
Honduras. Ou seja, menosprezam a democracia e o Estado de Direito aqui e
condenam os que resistem ao seu projeto acolá. O MST, a Via Campesina e os
ditos movimentos sociais se arvoram em cruzados da democracia, quando a sua
prática - e o seu discurso - é a de desprezo pelas instituições
democráticas, a invasão de propriedades, o desrespeito ao Estado de Direito
e as odes dirigidas a ditadores como Fidel Castro. Este é, de fato, o
verdadeiro exemplo de "democrata".
O presidente da República e o Itamaraty não perderam a ocasião de
manifestar suas parcas convicções democráticas nestes últimos anos.
Silêncio total sobre o genocídio de Darfur, em nome da suposta soberania
daquele país. Silêncio sobre mais de 200 mil mortos? Em nome do que, mesmo?
O presidente Lula não cessa de se fazer acompanhar por ditadores africanos,
agora mesmo, na Líbia, com o déspota Kadafi, que já foi de tudo, até mesmo
terrorista. Numa de suas ações mais espetaculares, explodiu um avião cheio
de passageiros nos céus da Escócia, o que implicou o seu banimento da
comunidade internacional por décadas. Eis aí outro companheiro
"democrático". Em relação ao Irã, numa fraude eleitoral realizada pelo
setor mais integrista do regime dos aiatolás, diante de manifestações
maciças de cidadãos iranianos, nosso presidente se limitou a dizer, numa
espécie de gracejo, que se tratava de um mero descontentamento, próprio de
um time de futebol que perdeu a partida.
Agora, em relação a Honduras, temos uma veemente condenação. Dá para
acreditar? Será que falam sério ou se trata apenas de uma pantomima, ou
melhor, de uma farsa dos que desprezam a democracia?
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS. E-mail:
denisrosenfield@terra.com.br
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