RELIGIOSIDADE NA HISTÓRIA
“Ser grande à frente dos homens é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo”. (Emmanuel)
Muito se fala do Antigo Testamento (AT) e do Pentateuco Mosaico, locais onde se encontram os preceitos da religião judaica. Convém salientar que, a formação da Sagrada Escritura foi lenta e muito complicada. A maior parte dos seus livros é obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos. Assim, o Pentateuco, marcado pelo cunho de Moisés, só conheceu a forma definitiva muitos séculos depois da sua morte (séc. V A.C.); a literatura profética, iniciada com Amós e Oseias (séc. VIII A.C.), terminou com Joel e Zacarias (séc. IV A.C.); os livros históricos, embora contendo tradições do séc. XIII A.C. foram escritos aproximadamente entre os séc. V e I A.C.; e a literatura sapiencial, iniciada com Salomão (séc. X A.C.), só a partir do séc. V A.C. recebeu a sua forma definitiva e alguns livros são do limiar do Novo Testamento.
O livro de Josué está inserido ao Pentateuco Mosaico, por essa razão o nome deveria ser outro, o hexateuco. Quem já leu o livro epigrafado vai encontrar na página de rosto, o que “Deus” disse a Josué, o substituto de Moisés. Tenha bom ânimo, força de vontade, porque tu farás este povo herdar a terra que jurei a seus pais que lhes daria. Essa passagem pode ser encontrada em (Jos. 1:¨6). Como pode “Deus” fazer juramento a um ser humano? E ainda mais, ele irá cumprir o juramento a fogo e ferro, trucidando, matando, “infernizando” a vida dos habitantes da Palestina. De lá foram enxotados os egeus rechaçados das costas e das ilhas do Egeu (filisteus e cananeus). “Destruí todos os lugares” em que as nações que ides submeter à força das armas por adorarem seus deuses, nas montanhas e colinas e sob árvores verdes; quebrai suas estrelas derrubai seus altares, queimai suas estacas sagradas e seus postes, abatei as estátuas de seus deuses. (Deut. 12:2 e 3).
A violência foi tanta e a destruição foi geral. Será que Deus que Cristo pregava tinha essas atitudes e personalidades e o Mestre não ressalta que falava constantemente com Deus. Provavelmente perto do século XIV, antes de Jesus, que os Israelitas se fixaram no país Canaã. Cessaram, pois, de ser nômades para ser fixados ao solo. Trocaram a tenda pela casa. Ademais, quando Josué se encontrava ao pé de Jericó surge-lhe um “anjo” com uma espada na mão para nomeá-lo Príncipe do exército do “Senhor”. Para que Deus quer um príncipe com exército? Certamente para patrocinar outras chacinas, como as que aconteceram em Jericó, com o aval de “Deus”, que vigiava de perto. Pode Freud? Esse “Deus” queria assistir mais um espetáculo de violência, uma sangrenta batalha, que “O levava ao êxtase, a uma espécie de “orgasmo divino”“. (Carlos Bernardo Loureiro). Depois de 40 anos Jericó é destruída e Josué com 40 mil soldados atravessaram “a seco”, o rio Jordão, levando a “arca do testemunho”. Será por isso que nominaram o Deus dos exércitos?
Será que ele se materializava para passar em revista a tropa? O “Senhor” diz a Josué: “Vós, pois, todos os homens de guerra rodearão a cidade por seis dias”. “E sete sacerdotes levarão sete buzinas de carneiro diante da arca; e, no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as buzinas”. Com grande grita o muro da cidade cairá abaixo e o povo subirá nele, cada qual em frente de si (Josué, 6,2,4,4 e seguintes). Os fatos aqui citados seriam até normais tendo em vista que a história do mundo começa pelo pecado, onde por inveja um irmão mata o outro e ainda recebe as benesses de “Deus”. O Deus de Josué tinha uma mente fértil para a violência, o muro de Jericó caiu, e os israelitas tomaram a cidade com apoio total de “Deus”. Se aceitarmos a Bíblia com as atrocidades do AT, como poderemos condenar a violência de hoje. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE- DA AOUVIRCE- DA UBT- DA AVSPE- DA ACE