OPINIÃO PRÓPRIA
“Em matéria de felicidade convêm não esquecer que nos transformamos sempre naquilo que amamos”. (Chico Xavier)
Uma matéria assaz polêmica, escrita por Frei Betto, intitulada “Os gays e a Bíblia”, publicada em 23 de maio de 2011, na seção “opinião” do jornal da Mediunidade, referente aos meses de julho, agosto e setembro de 2011, página 2, da LEEPP (Livraria Espírita Edições “Pedro e Paulo”). Para quem não conhece frei Betto é um frade dominicano e escritor muito conhecido. “Autor de 51 livros, editados no Brasil e no exterior, Frei Betto nasceu em Belo Horizonte (MG)”. Estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia. Frade dominicano e escritor ganhou em 1982 o Jabuti, principal prêmio literários do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, por seu livro de memórias Batismo de Sangue. Em 1986, foi eleito Intelectual do Ano pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, que lhe deram o prêmio Juca Pato por sua obra “Fidel e a religião”. Seu livro "À noite em que Jesus nasceu" (Editora Vozes) ganhou o prêmio de "Melhor Obra Infanto-Juvenil" de 1998, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 2005, o júri da Câmara Brasileira do Livro premiou-o mais uma vez com o Jabuti, agora na categoria Crônicas e Contos, pela obra “Típicos Tipos – perfis literários” (Editora A Girafa). Foi coordenador da ANAMPOS (Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais), participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CMP (Central de Movimentos Populares). Prestou assessoria à Pastoral Operária do ABC (São Paulo), ao Instituto Cidadania (São Paulo) e às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Foi também consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2003 e 2004 atuou como Assessor Especial do Presidente da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero. Desde 2007 é membro do Conselho Consultivo da Comissão Justiça e Paz de São Paulo. É sócio fundador do Programa Educação para Todos. Fonte:(http://www.freibetto.org/index.php/sobre-frei-betto). Com todos esses predicados intelectuais não seria obrigatório concordarmos com certas colocações que ele faz. Para muitos com muita propriedade e segurança. Em primeiro lugar estamos no Brasil e falamos a língua portuguesa e seria de bom alvitre que o escritor em alusão usa-se a palavra “Gays”, na língua mãe, evitando assim o estrangeirismo.
Ele fala sobre as pressões que ocorrem sobre os políticos que integram o Senado Federal Brasileiro, para a não aprovação da lei que criminaliza a homofobia. Cita que: “Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos”. Esquece porém, o religioso que todo ser humano é dotado de livre-arbítrio, e fica a critério de cada um julgar o que é certo e errado para si mesmo. O pensamento dos irmãos deve ser respeitado, e além do mais como que propriedade nós poderíamos dizer que outros irmãos estão satanizados. É uma expressão muito forte para um religioso que se diz defensor dos “Direitos Humanos”. Vai mais além às suas aposições: “No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda”. Com todos esses, Jesus teve uma atitude inclusiva. Complementando as palavras do frei, queríamos dizer que Jesus escolheu Matheus como seu discípulo, e Matheus era Levi, o cobrador de impostos.
Continua sua narrativa dizendo: “Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus”. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”). Esqueceu-se de citar o missionário que ao dar nomes aos discriminadores, os mesmos são integrantes do alto escalão, isto é, dos postos mais altos da igreja que faz parte. “Continua:” Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos , elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmem, Nigéria, entre outros). Não tenho o poder de condenar ninguém que professa outro tipo de religião e onde a cultura popular é diferente da nossa. Existem leis para serem cumpridas e lá eles cumprem, aqui eles atropelam de qualquer maneira, e os pretensos defensores dos “Direitos Humanos”, normalmente estão do lado dos bandidos.
A frase que Jesus teria dito: “Junte-se a um bom que serás um deles”, não discrimina os maus? Existem o bem e o mal, entretanto aqueles inseridos no mal devem ser tratados de maneira digna para conviverem com a sociedade, pois como diz o clichê popular: “Água e óleo não se misturam”. No 60°. Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução da ONU (Organizações Unidas) pela “despenalização universal da homossexualidade”. Senhor missionário existem 191 países no mundo, e na sua matéria o número de países citados não representa um terço do total de humanos na Terra. Então não podemos enunciar “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, pois o universo é bem maior. A ONU é apenas um órgão de conciliação, e mesmo assim ela nunca conseguiu por em prática suas normas.
O catecismo da Igreja católica deu um pequeno passo adiante, ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. Pelo que conhecemos (SE) é uma condicional, mas no duro, no duro, a Igreja jamais realizaria cerimônia religiosa entre casais homoafetivos. É verdade que ninguém escolhe ser homossexual, mas sendo o homem o produto do meio, ele pode ser influenciado por esse meio que ele mesmo construiu. Também é verdade que nesse meio existem muitas agressões, assassinatos e outros tipos de violência. A cultura da sataninização não é divina é coisa da imperfeição humana. Todos nós sabemos que “nascemos simples e “ignorantes” e além do mais imperfeitos, e não será nesse mundo de “Provas e Expiações” que iremos transformar o mundo”. Não seria utópica a versão de que a igreja já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo? É verdade que todo amor decorre de Deus?
Na união homoafetiva não existe amor e sim afeto, que são duas coisas diferenciadas. O amor entre homossexuais é puramente carnal. A homossexualidade muda à masculinidade e a feminidade das pessoas e isso não é normal. (opinião nossa). Queremos citar que existem três passagens na Bíblia que fazem referência a atos homossexuais. As duas primeiras no Velho Testamento, no contexto da purificação preconizada pela Lei Mosaica, a Torá. A terceira passagem se situa no Novo Testamento quando o apóstolo Paulo descreve os rituais orgiásticos idolatras dos gentios romanos. “Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é toevah( também no grego bdelygma), ambos significam “impureza” ou “ofensa ritual”“. “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão “toevah”“. (Levítico 20:13). ““...visto que, conhecendo a Deus, não lhe renderam nem a glória… pelo contrário… tornaram-se estultos… trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens que representam o Deus corruptível, pássaros, quadrúpedes, répteis… por este motivo, Deus os entregou a paixões infames: as suas mulheres mudaram o uso physiken (natural, usual comum) em outro uso que é para physin (não natural, fora do comum, inusitado).
O termo “abominação” (to’ ebah ou toevah) é um termo religioso, usualmente utilizado para condenar a idolatria e não propriamente um mal moral. De acordo com alguns autores, o verso bíblico parece se referir ao templo de prostituição, uma prática comum no Oriente Médio na época de Moisés. Qadesh se referia aos homens que praticavam a prostituição religiosa como forma de idolatria, prática comum entre os povos politeístas. A passagem está cercada por outras contra o incesto, a bestialidade, o adultério e relações sexuais com mulher menstruada. Entretanto, segundo os estudiosos, é o único verso desta passagem que utiliza o termo religioso abominação. (LV 18:22) "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;" (LV 20:13) "Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles." Esta condenação a atos homossexuais advém de várias causas: sociais, culturais, ritualísticas e históricas.
Uma pequena e fortificada comunidade como a dos judeus necessitava de uma poderosa ética social para a procriação a fim de garantir a perpetuação de seu povo diante da tremenda taxa de mortalidade infantil, doenças, baixa expectativa de vida e guerras constantes. A procriação era valorizada como uma benção de Deus e uma prova de sua satisfação. A esterilidade era vista como maldição de Deus e uma justificativa - para se abandonar uma esposa, já que os homens nunca eram vistos como os prováveis “culpados” da falta de filhos de um casal. “Do mesmo modo também os homens, deixando o uso physiken da mulher, abrasaram-se em desejos, praticando uns com os outros o que é indecoroso e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento” (Apóstolo São Paulo - Carta aos Romanos 1:18-32). Se o que está escrito na Bíblia para os estudiosos de hoje é controverso, então o que fazer quando vemos: Arsenokoitai remete ao conceito de prostituição cultual muitíssimo comum no Antigo Testamento, quando meninos eram vendidos como kadeshim, ou "prostitutos cultuais", para os templos pagãos , como os de Dionísio, Baal e Diana, ou mesmo homens livres se faziam sacerdotes sexuais para se dedicarem a esses templos de frequente idolatria orgástica. Algumas citações já estão inseridas nas entrelinhas desse artigo ou matéria.
A exatidão dessa teoria se provaria uma vez que a Septuaginta, que eram as escrituras sagradas que Paulo lia à sua época, usa os exatos mesmos termos que o apóstolo usou em Levítico 18:22: Como homem (arsenos), não te deitará (koiten), como mulher…(Kai meta arsenos ou koimethese koiten…), e o texto se finaliza afirmando que tal ato seria toevah, uma palavra que, como vimos, no hebraico é sempre usada num contexto de ritual religioso, de impureza no sentido religioso, o que é praticamente um consenso entre os hermenêutas veterotestamentários. O religioso na sua dissertação cita os casos de Davi com Jônatas (i Samuel 18), o centurião romanos e os eunucos de nascença (Matheus, 19). A Bíblia pode ser vista de forma literal, simbólica e alegórica e aí a interpretação ficará a cargo de qualquer um? Se for pecado ou não a homossexualidade não nos cabe questionar, mas as evidências em Sodoma e Gomorra são evidentes. “Todos têm como vocação essencial amar e ser amado”
A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei. Isso é vero, mas quando Jesus se refere ao amor nos ligamos rapidamente em seus palavras quando ele afirma: “Amai-vos uns aos outros, assim como vos amei”. Quando o Mestre cita essa frase não está incluso o amor sexual ou amor puramente carnal. “No caso, o “amor divino” é expresso através da amizade, e Jonatas, que era fiel, tinha preferido Davi a seu Pai, pois, Davi tinha sido escolhido por Deus, logo era mais justo em caráter”. Desta forma o amor divino e a amizade superariam a paixão. Não é nosso propósito condenar a atitude de ninguém, pois os humanos agem pelo livre-arbítrio, pelo instinto em detrimento da inteligência. Se a Bíblia é a palavra de Deus, como muitos afirmam, como o homem irá mudar a palavra Divina? Fica o questionamento no ar, mas a decisão da união homoafetiva é puramente humana, e cada um assuma aquilo que é mais conveniente para si, mas lembre-se que a prestação de contas com o Pai Maior não está descartada,visto que, a humanidade hoje está voltada mais para o materialismo em detrimento do espiritualismo. Se todos aderissem ao espiritualismo o comportamento humano seria outro e estaríamos livres das chagas atuais, dos cânceres que atingem a humanidade. O espiritualismo deve sempre estar acima do materialismo, Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE- DA AVSPE- DA AOUVIR/CE- DA UBT – DA ACE- JORNALISTA E RADIALISTA